Beyond NEET

Promoção da Inclusão Social de Jovens através do Voluntariado

O caminho iniciado pelo Beyond NEET “não pode ser interrompido”

A União das Mutualidades Portuguesas e o Irish Rural Link fazem um balanço extremamente positivo do projeto Beyond NEET, iniciado em setembro de 2022, com o apoio da União Europeia, através do programa “Erasmus +”.

Este projeto foi pensado para abordar um dos problemas que preocupa não só Portugal e Irlanda, porque é transversal ao espaço europeu, que é a exclusão social de muitos jovens que não estão envolvidos em atividades educacionais, de emprego ou de formação.

“A nossa missão tem sido ajudá-los a encontrarem novas oportunidades, através do voluntariado, em que possam desenvolver competências e interesses, melhorar a autoestima e a promover a sua inclusão social”, explicou Luís Alberto Silva, na abertura do seminário de encerramento do projeto em Portugal, que ocorreu, esta terça-feira, 30 de maio, na Biblioteca da Escola Secundária de Esmoriz.

Nesta iniciativa foram apresentados os resultados do projeto Beyond NEET, que incluiu, também, ações de capacitação das mutualidades e das organizações da sociedade civil, nomeadamente na preparação de planos de voluntariado.

“É importante que este caminho agora iniciado com o Beyond NEET não seja interrompido. A parte mais difícil foi trazer estes jovens até nós. Explicar as vantagens do voluntariado para as organizações e para os jovens. Dar motivos para ter esperança, fazer acreditar e mobilizar vontades. Agora que despertamos o interesse pela mudança de atitude, não seria compreensível parar”, disse Luís Alberto Silva.

Seamus Boland corroborou, adiantando a disponibilidade para dar continuidade a esta missão, com novas ações, fazendo votos para que este projeto seja reconhecido não apenas pelos jovens e pelas organizações, mas também pelos governos de ambos os países e na Europa.

Da parte da Agência Nacional Erasmus +, que gere os fundos do programa em Portugal, representada nesta sessão por João Vilaça, manifestou abertura para apoiar novos projetos deste consórcio luso-irlandês, lembrando que são várias as oportunidades que o Erasmus + proporciona não só às organizações, como aos próprios jovens, em domínios, como os intercâmbios, a participação cívica, atividades culturais e formação a nível nacional e internacional, entre muitos outros.

Em representação do município de Ovar, a Vereadora do Desenvolvimento Social, Ana Cunha, considerou que “num mundo globalizado em que as transformações são velozes, mais relevante se torna o voluntariado, que é promotor do desenvolvimento de oportunidades”.

Na conferência que encerrou o seminário, e perante uma plateia constituída por alunos de várias turmas da Escola Secundária de Esmoriz, Paula Correia, Coordenadora do Departamento de Voluntariado, Projetos e Inovação Social da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social), e Rogério Pinto, Presidente do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Esmoriz/Ovar Norte, numa conferência moderada por Carla Silva, Coordenadora do Centro Qualifica d’A Mutualidade de Santa Maria, abordaram a importância do envolvimento dos jovens em programas de voluntariado e o papel da própria escola na sua dinamização, no contexto dos estabelecimentos de ensino, como na comunidade.

Paula Correia destacou as entidades da economia social, maioritariamente dirigidas por voluntários, como “aquelas instituições que verdadeiramente resolvem os problemas das pessoas”, que trabalham com crianças, jovens, idosos e públicos vulneráveis. “O que fazem é inovação social, é responder aos problemas”, concluiu.

Rogério Pinto considerou que vivemos “um Estado assistencialista” que não resolve estruturalmente os problemas da sociedade e que a escola, com “currículos e tempos do século XIX” legitima o assistencialismo, não contribuindo para a resolução das preocupações dos jovens. “Temos a geração mais qualificada de sempre, mas os jovens não têm emprego e não há mão de obra qualificada” – acrescentou, lembrando que “não há voluntariado e sociedade, sem ética”, cujos referenciais se vão perdendo.

A iniciativa contou com a participação de estudantes e professores, que ao longo da conferência deixaram testemunhos emotivos de experiências de voluntariado na primeira pessoa e que saíram desta sessão mais conscientes da importância da educação e do papel do voluntariado para a inclusão e integração social dos jovens. Aliás, na sessão de boas-vindas, Estela Tomé, Diretora do Agrupamento de Escolas tinha realçado a necessidade de se “desenvolver desde muito cedo” a capacidade e a disponibilidade das crianças e dos mais jovens para darem de si aos outros, ainda mais “nos dias de incerteza e dificuldades” que hoje vivemos.